O texto a seguir é de propriedade da escritora e colaboradora do blog Rosana Ollive ;).
O blog é um espaço colaborativo e agora temos os brilhantes textos que alimentam nosso wanderlust da Rosana- direto da Bahia linda.
Pegue um café , leia o texto sensacional e dê as boas vindas a nova escritora!

Wanderlust e suas variações em mim
Ler e viajar são atividades fortemente presentes em minha vida. E, agora sei, estiveram, desde sempre, interligadas. “Viajo para ver de perto o mundo, e a vida, que conheci lendo”, já disse um veterano leitor-viajante como eu, e faço minhas as suas palavras aqui. E ler continua sendo a minha maneira de viajar quando não é possível partir.
Confesso que o desejo da inquietude também já me foi despertado algumas vezes pela visão inesperada de uma fotografia (como o caso de Alter do Chão), ou por cena de um filme que me arrebata (A casa-jardim de Monet, em “Meia noite em Paris), o trecho de uma música (“Eu quero acordar na cidade que nunca dorme”, Sinatra) ou por aquela saudade do que ainda vi. Mas são eles, predominantemente eles, os livros, que me fizeram viajar literalmente ou não.
Não estou certa se isso se deu de forma consciente mas, ainda menina e sem sair da minha cidade, passei a olhar as ruas de Salvador de forma mais atenta depois de ler “Capitães de Areia”, de Jorge Amado e lembro da alegria em me deslocar até Ilhéus, onde se passa “Gabriela,” um outro romance do mesmo autor.
Depois veio o interesse pelos latino-americanos e “O Amor nos Tempos do Cólera” me levou à Colômbia de Gabriel Garcia Marques e seu realismo mágico. Caminhando pelas muralhas de Cartagena, tinha a impressão, a cada esquina, cada beco, de que iria esbarrar com os personagens imortalizados por ele.

Do mesmo modo, as histórias de Mario Vargas Llhosa me levaram ao Peru assim como Neruda, ele próprio um exímio viajante, me levou ao Chile várias vezes.
No caso de todos esses escritores acima citados, eu fiz questão de conhecer não só os cenários de suas histórias mas também as casas onde viveram, as chamadas Casas-Museu, como que para “roubar” um pouco da intimidade da vida cotidiana dessas pessoas que me fizeram viajar primeiro através de suas palavras e depois até as paisagens descritas em seus livros.

Fotos de família, os livros que foram folheados por eles, presentes de amigos, a energia das casas, talvez seus aromas, enfim, tudo que tivesse sobrevivido (com exceção de Lhosa, que ainda vive) àqueles que me guiaram até ali. Que bônus de viagem!
Já a Paris de Ernest Hemingway se materializou para mim em seus Cafés, flanando às margens do Rio Sena e no típico bairro de Montmartre, onde ele viveu, com seus tipos populares, frutas vendidas pelo chão, artistas pintando ou desenhando pelas calçadas, outros cantando, dançando, o cheiro forte do café.
Parecia que o tempo não passara porque estava tudo ali, tal e qual ele havia vivido da década de 20 e narrado em seus livros. Fiquei sentimental ao me dar conta disso, ao contrário dele que dizia sempre que “a vida deve ser enfrentada como um desafio, e vencida sem arrogância ou perdida em lamúrias.”
Tomando vinho, cantando e dançando entre desconhecidos no Café de Flore, eu quase podia ver Sartre e Simone de Beauvoir sentados em sua mesa favorita, onde também se reuniam Gertrude Stein, James Joyce, Ezra Pound e F. Scott Fitzgerald. Hemingway sempre teve razão: Paris é uma festa!

Se o “habitat natural” artistas eram as ruas e Cafés de Paris, o que me rendeu um Roteiro bem pessoal por lá, bem diferente dos da maioria dos visitantes, foi em Givency, que passei por uma das experiências mais extraordinárias da minha vida. Falo do dia em que eu pude “entrar”, literalmente, nos quadros de Monet. Explico.
Além de pintor consagrado, Monet também sempre foi apaixonado por horticultura e jardinagem e realizou um sonho no final de sua vida: o Jardim de Givency, que criou, desenhou e imortalizou em sua pintura. Foram trinta anos nessa casa maravilhosa que fica a cerca de 70 km de Paris, a qual tive a oportunidade de visitar e ver de perto, materializado bem diante dos meus olhos, tudo que conhecia dos livros de arte.
A série Ninféias estava toda ali, mas quando dei de cara com “A Ponte Japonesa” quase chorei. Algo parecido a isso só mesmo quando estive na Holanda de Van Gogh. Isso sem falar na Lisboa, de Fernando Pessoa e na Londres de Oscar Wilder, a New York de Sinatra, onde quis “acordar na cidade que nunca dorme”, como ele disse.

Que texto lindo, amei cada frase com riqueza de detalhes. Desejo a vc minha amiga do coração, Rosana muito sucesso e cada vez mais aventuras incríveis por esse Mundão. 😍😘💝🙌🏻
É mesmo maravilhoso o texto, vou avisar a Rosana que vc comentou! Obrigada por participar, se puder compratilhe, divulgue! Precisamos de mais escritoras no mundo, a Rosana vem para acrescentar com sua voz única 😉 .