Marrocos Parte III: Fez, a capital espiritual

A chamada capital espiritual do país foi fundada no século IX. A medina da cidade foi eleita patrimônio histórico da UNESCO em 1981 e se encontra na parte antiga chamada de Fez El Bali (Fez, a velha). A arquitetura é islâmica (claro) e conta com a mais antiga universidade do mundo (Universidade Al Quaraouiyine), fundada por uma mulher: Fatima EL Fihria em 859. A medina é considerada a mais bem preservada do mundo árabe. Além de labirínticas as ruas são estreitas. Seja bem vindo a Idade Média! 

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Suas ruas são um labirinto e, sim: você vai se perder. Recomendo que você contrate um guia (pode ser no hotel ou riad que se hospeda) do contrário, além de se perder você corre o risco de ser extorquido pelos moradores para apenas te levar de volta, seja para o hotel ou para a rua principal. Tivemos um guia local na cidade, que além de nos levar aos pontos de interesse explicava a história. Detalhe: os homens e as mulheres se vestem de maneira tradicional na cidade. é uma cidade mais religiosa que Marraquexe (se você ainda não viu).

Quem não lembra que algumas cenas da novela O Clone (Novela) foram gravadas na medina de Fez? A história de amor de Jade (Giovanna Antonelli) com Lucas (Murilo Benício)? Fomos até um dos locais de gravação da novela, onde consta uma plaquinha no muro .

Fez é conhecida pelos curtumes (locais de processamento do couro cru). As peles de cabra, ovelha e vaca são curtidas passando pelo seguinte processo: primeiro são mergulhadas no cal, depois passam por fezes de pombos (isso mesmo) para só então -depois de lavadas- serem mergulhadas nos tanques de tinta (que você abaixo na foto). Como pode imaginar o odor nos curtumes não é nada agradável. Eles te recebem com um ramo de hortelã que você segura embaixo do nariz durante a visita, mas não adianta muito. Prepara o estômago e não come nada antes de ir. A visita vale super a pena.

No que se refere aos pontos turísticos, comece pelos portões da cidade. Como era uma fortaleza, assim desenhada para afastar os que poderiam saquear a cidade, há diversas fortificações no entorno de Fez. As principais são: Bad Boujoulad (ou portão azul), o portão do palácio real e Bad Sbaa, que foi construído no século XIII. Uma observação importante: é proibido fotografar o portão do Palácio real. Pergunte sempre antes de apontar o celular pois há várias edificações que não se pode fotografar.

As madrassas ou madrasas (escolas voltadas para o ensino religioso) são super famosas também. A maior e que nós visitamos a Medersa Bou Inania (Medersa): construída em 1350 pelo sultão Abu Inan Faris, é uma das escolas corânicas do ensino superior. Este é um dos poucos edifícios religiosos que ainda estão em uso e permitem a entrada de visitantes não muçulmanos. Ela foi renovada no século XVIII e mais tarde no século XX, assim hoje é um dos mais bem preservados da medina. Outro ponto de interesse é o Mellah – o nome utilizado no Marrocos para designar os bairros judeus – com suas sinagogas e fortificações.

Ficamos na seguinte acomodação: Riad em fez. Há dois terraços, os quartos são super espaçosos e tem banheiro privado. Aliás uma coisa que adorei no Marrocos: os toaletes são separados das duchas. Muito inteligente isso e garante a privacidade de quem vai usar qualquer dos dois. A sala de estar com estilo marroquino e sempre havia chá de hortelã além de docinhos típicos (qualquer hora do dia). Dá uma olhada:

Fez é super diferente de tudo que já vi. Foi a cidade mais típica, por assim dizer, que visitamos no Marrocos. Preserva sua identidade cultural (e religiosa) e conta com a hospitalidade árabe. Fez representa o tradicional e o Saara (se você ainda não viu) a natureza hostil e fantástica. Não recomendo fazer o Marrocos voo solo (se você for mulher), contrate um tour, será mais seguro e terá todas as explicações que você deseja.

Próximo post e o fim da saga Marrocos : Rabat & Casablanca. Aproveite!