Ninguém se ilumina imaginando figuras de luz, mas se conscientizando da sua escuridão
Carl Jung
Outro dia estava assistindo Dexter na Amazon Prime – a série foi baseada no livro : Dexter design de um assassino – e comecei a pensar nos conceitos de bom e mau, de sombra e escuridão.
Dexter é uma série americana que mostra um assassino em série.
O protagonista trabalha em uma delegacia como analista forense – analisando os padrões do sangue nas cenas criminosas.
E nas horas vagas exerce a “função” de justiceiro.
Ele mata as pessoas que são “ruins” de acordo com um código próprio. Há os mocinhos e os bandidos.
Os maus ele categoriza, observa e só mata quando obtém provas concretas.
Um psicopata com um código moral bastante rígido.
O protagonista durante muito tempo não percebe (não traz a consciência) sua natureza.
Quando o faz se considera um monstro. E passa a denominar seu lado sombrio de passageiro das trevas (tradução livre).
O conceito de bom e ruim está em nosso inconsciente desde sempre.
Somos ensinados pelos pais e moldados pela sociedade acerca do padrão moral vigente: como devemos nos portar e nos comportar adequadamente.
As leis penais, teoricamente, estão aí para colocar um freio nos impulsos que os criminosos têm e não conseguem refrear.
Entretanto, Carl Jung desenvolveu uma teoria – que colocou na prática através da psicanálise – em que todos temos a sombra.
Ou o passageiro das trevas do Dexter.
A sombra é nossa companheira, todos somos bons e ruins ao mesmo tempo.

Alguns apenas alimentam o “lobo” certo. Ou reprimem o lobo mau.
A questão é que quando reprimimos a sombra, colocamos os problemas embaixo do tapete e fazemos de conta que não vemos, o tal passageiro toma conta do volante.
O lado sombrio de nossa personalidade dá lugar a neuroses e complexos.
E, muitas vezes ao descontrole. Os ataques de raiva, o ódio gratuito direcionado as outras pessoas, são exemplos da “aparição” da sombra.
A única maneira de evitar tais acontecimentos é reconhecendo que todos somos luz e escuridão.

A estrada para a libertação – na verdade a sombra nunca vai embora – requer admitir seus defeitos, suas falhas, reconhecê-los e integrá-los no dizer de Jung.
O que é integrar a sombra?
Reconhecer e aceitar os traumas, os medos e as falhas de caráter.
A tendência é reprimir, usar alguma coisa que te distraia, viajar e fugir daquilo que nos amedronta.
Mas é essencial reconhecer e se sentar com sua sombra, levar ela para dar uma volta e bater um papo.

Quem sabe uma road trip?
Os aspectos pessoais de que nos envergonhamos são sentidos com frequência como radicalmente malignos.
Embora algumas coisas sejam na verdade ruins e destrutivas, frequentemente o material da sombra não é maligno.
O Mapa da Alma – Murray Stein.
Essa passageira desagradável também é a fonte de sua intuição, de criatividade ilimitada e tudo aquilo que jaz no inconsciente.
A sombra não é só um inconveniente, ela é também guarda os segredos da autenticidade, genialidade e por fim: sua essência.
Ser aquilo que você nasceu para ser. Descobrir seu propósito de vida.
O caminho é o processo de individuação, escrevi um pouquinho sobre isso nesse post .
A matéria tratada aqui é muito complexa e Jung não dá para ser lido numa sentada. O ideal é ler os autores que o interpretam, para se ter uma pequena ideia de sua teoria.
Um dos poucos livros que considero menos complexos, por assim dizer, é: O Homem e seus símbolos, que utilizei na bibliografia do Mochilando com as Deusas.
Um lembrete: utilizamos links afiliados. Se você comprar através dos links recebemos uma comissão, mas isso não afeta o preço que você paga.
Não desejo me desviar do assunto.
Estávamos falando da sombra e de como Dexter me lembrou da individuação que também trato no Mochilando com as deusas.

Ao longo da série o psicopata vai se descobrindo, se encarado e enfrentando sua sombra.
Ele consegue integrá-la, de certa forma, pelo menos.
Não vou dar spoiler. Só veja!
De acordo com Jung temos que enxergar nossa escuridão, aceitá-la, para então transcender.
Para toda escuridão há uma luz correspondente, para todos nossos defeitos – mesmo os que consideramos indignos de serem trazidos à luz, há um lado bom.
Se enterramos nossa sombra embaixo das camadas da persona para parecermos sempre agradáveis, charmosos e equilibrados nunca poderemos descobrir os tesouros que ela guarda.

Deep. Dark. Intriguing… Superb!
Thank you so much for taking the time to translate the post! Wish you a great week Lance.
You are more than sincerely welcome! Wishing you a great week as well. Peace and light.
For you as well Lance. Stay safe
Truly appreciated- thank you. Be safe and well, also.