Preciso pular alguns capítulos sobre o Canadá e passar direto ao Egito. Segue então o primeiro post da terra dos faraós: sua capital o Cairo, Saqqara, Memphis e Alexandria.
Preparo e dúvidas: demorei um bocado de tempo preparando essa viagem – que era a princípio para ser uma viagem solo e acabou se transformando em trio (o que foi ótimo)- fiz um roteiro básico, reservei voos e hotéis e minha amiga comprou as passagens de trem. Estava um tanto apreensiva com o aspecto cultural e religioso: teria que usar véu? Já que era inverno não seria problema andar toda coberta, mas seria isso suficiente? Ofenderia o país de alguma forma? Era seguro? Tinha havido um atentado uma semana antes de nossa viagem. Decidimos ir mesmo assim. E não, não precisa usar véu. E sim, é seguro, muito seguro.
Visto: É preciso visto com antecedência agora (não dão mais no aeroporto na chegada), se for fazer mais de uma entrada no país, tire o de múltiplas: visto . Dá para tirar no consulado do Rio (se você tiver 3 dias úteis para ficar por lá) veja a melhor opção.
Vestimentas e vigilância: O Cairo é bastante fundamentalista, por assim dizer. As mulheres, em sua grande maioria andam com a cabeça e o corpo cobertos, às vezes somente o véu e roupas ocidentais, mas não se vê mulheres sozinhas na rua, apenas em grupo e vez ou outra de mãos dadas com namorados (mas não há demonstração de afeto e.x: beijos). Há uma espécie de vigilância comunitária: alguém vê você tirando foto de uma mesquita ou um prédio do governo e fala para um policial e o mesmo vem pedir sua câmera para ver a foto (aconteceu com meu amigo inglês); em outra ocasião estávamos andando com nosso amigo egípcio e o inglês pediu para falar em privado comigo (ia sugerir que pagássemos o almoço), alguém foi perguntar para o egípcio se ele estava de fato conosco e o que estava acontecendo. Parece uma cidade de interior que as vizinhas ficam bisbilhotando sua vida e fazendo fofoca. Há pouca liberdade.
Cairo:
Mulher sozinha? Sempre que eu ia sair do hotel sozinha (meu amigo inglês gostava de andar por aí sozinho e minha amiga já havia ido para Israel) alguém providenciava uma espécie de “acompanhante”, o cara do hotel ou algum segurança. Uma dessas vezes consegui “fugir” e passeie sozinha em Aswan (sul do Egito – fronteira com o Sudão) não aconteceu nada além dos olhares de curiosidade normais, há muito assédio sim, mas é de vendedores tentando empurrar seus produtos ou oferecer passeios. De resto uma ou outra piada inofensiva: Estou livre para mulheres; você é bonita, quantos camelos? Gente… onde eu vou enfiar camelo? Pergunta retórica. Nenhum desrespeito ou proximidade. Não me senti insegura em nenhum momento da viagem.
O melhor são as pessoas ao longo do caminho: tive apoio no Cairo, conheci um guia no primeiro dia e ele me “orientou ” via whats app todo o resto da viagem, mesmo em Luxor e Aswan (o que fazer, o que evitar, como pagar menos, onde comer, etc). E, nos tornamos amigos, é claro. No final eu o encontrei novamente no Cairo, ele me levou ao museu e para fumar shisha – o nosso narguilé, eu queria desafiar o sistema, onde só se vê homens fumando nos cafés, então ele me levou para um café clandestino, numa ruela acabada no centro da cidade e lá pude realizar meu desejo. Rebelde, rebelde até o último fio de cabelo. Deixo aqui a página do meu apoio/amigo/companheiro e irmão egípcio : guia sensacional.
Problemas óbvios: A cidade tem problemas com recolha de lixo, então em muitas áreas o lixo está espalhado por todos os lados; Há barreiras policiais passando de uma área para outra e em alguns pontos estratégicos -penso eu. Os carros com os turistas são parados e as vezes revistados em áreas militares; no aeroporto há pelo menos 3 pontos de revista entre a entrada e o seu portão de embarque e se prepare para remover os sapatos todas as vezes; você será extorquida (parta desse principio que dói menos) vão te cobrar a mais por cada passeio e por cada água ou biscoito que comprar – só porque é turista, não tem muito jeito, tive sorte porque fiz amizade com um local, ele me indicava o que fazer e quanto deveria pagar, fui “menos extorquida”, mas fui. Deixe grana separada para gorjetas, até nos banheiros as mulheres esperam receber para te entregar o papel higiênico: cerca de 2 libras egípcias cada vez deve bastar; há assédio de vendedores: eles tentam te empurrar qualquer coisa de passeios a lenços de algodão; buzina é parte da cultura e barulho é constante: leve fone de ouvidos; não encontrei centro de visitação turística em nenhuma das cidades, assim não foi possível obter mapas (baixe o google trips para ter os mapas offline ou compre um Egptian card); nossa mala foi revistada na entrada no Cairo quando viemos da Jordânia.
E mesmo assim: amei muito.
Cairo deve ser incluído? O Cairo tem o museu (que é mesmo imperdível), as pirâmides e se quiser ir até Saqqara (onde está a pirâmide em degraus, escalonada): pirâmide do Rei Djoser ou Memphis: antiga capital , é o ponto de partida. Eu fiz Alexandria também, que fica no norte do Egito- partindo do Cairo, mas não faria novamente: não vale a ida. É muito longe e não tem nada de maravilhoso. Esse foi meu primeiro erro no roteiro. Pensava que ia encontrar Alexandre (o grande) oferecendo um tour pela biblioteca de Alexandria. Quanta imaginação. Iria ao Cairo sim, porque é ponto de partida, as pirâmides são imperdíveis e o lema: embrace the chaos se aplica muito bem, há muito o que se ver. Conheci pessoas maravilhosas e fui muito bem recebida. Coloque o Cairo no roteiro, só não se demore lá. Deixe mais tempo para Luxor e Aswan. Há um guia que fala português – foi quem me apresentou meu hoje amigo Ahmed, ele é ótimo, super simpático e pode organizar os tours se você não fala inglês, segue o link do face: guia em português.
Saqqara e Memphis:
Viajo em suas viajens, vc arrasa amiga…
Seja bem vinda amada nas viagens 😊 Sempre um prazer! Beijos