Quando cheguei a Quioto tinha grandes expectativas (sempre que falo isso lembro daquele filme: grandes expectativas, traduzido como grandes esperanças: Great expectations). Esperava ver gueixas andando pela rua (eu viajo para caramba), aquele Japão antigo com lanternas vermelhas e ruas estreitas, casinhas de madeira com aquela porta que desliza para o lado (aparentemente vejo muitos filmes também). Há somente um bairro na cidade que tudo isso acima é possível: Gion: O que fazer em Gion. Lá se concentram também os turistas com câmeras apontadas, as casas de chá (onde é possível não apenas ver a gueixa, mas também fazer parte da famosa cerimônia do chá e tirar foto com a criatura) e os alugueres de roupas de gueixa, algo em torno de $1.000,00 para usar a roupa, a sandália, fazer a maquiagem e devolver no final do dia (desnecessário dizer que sou mão de vaca demais para tal empreitada), as construções antigas e um enorme número de templos.
O restante da cidade é, por assim dizer, normal. As atrações mais importantes ficam distantes do centro, assim é necessário pegar ônibus em Quioto, diferente de Tóquio. Apesar de ser também servida por metrô e trem, as estações não ficam próximas das atrações. Como se deslocar em Quioto. O ônibus é muito confortável, organizado por números, com um monitor dentro anunciando a próxima estação. Dirija-se ao centro de informação turística e compre o passe diário. O único inconveniente, isso vale para a cidade toda, é que a fila é imensa. Todos os lugares que você for haverá uma enorme quantidade de pessoas. É também lindíssima. O povo é mais aberto, digamos assim. Cumprimentam na rua, em suas bicicletas: te dizem bom dia e perguntam de onde você é. Uma simpatia só. Faz lembrar uma cidade de interior.
No Japão é proibido fumar na rua. Há locais específicos para fumantes, um “smoking spot” que você vai avistar (ou não), às vezes abrigado do vento e outras não. Em Quioto funciona da mesma forma, exceto que há uma delimitação de cerca de 10 quadras da estação central, a partir daí é possível fumar na rua. Nas atrações, não. Há os lugares delimitados, como um pequeno cercado (porcos hahahahah, sou fumante ok?), ou dentro de algumas cafeterias com baias individuais (para que você não veja o outro fumando?) um local hermeticamente fechado. A boa notícia: pode-se fumar dentro do trem-bala, há um espaço específico nos carros 3, 7 e 10 hermeticamente fechado. É menos pior que parece. Prometo.

Hospedagem: Mencionei no primeiro post sobre o Japão: Se você não viu ainda que fiquei em um ryokan (aquelas casas típicas do país) havia uma esteira para dormir com edredom. O banheiro era minúsculo, mas o quarto era bem espaçoso, havia um frigobar e local para apoiar a mala no corredor. Além de economizar na estada (a cidade é a mais cara que estive no país), ficava a dez quadras da estação central, ou seja, era possível fumar lá fora.

Alimentação: Havia lojas de conveniência por perto e restaurantes também. Localização extremamente conveniente. Tomava café da manhã no mesmo lugar, um pequeno café com porta de madeira. O senhor não falava inglês (claro) mas me atendia muito bem, servia pão, ovo cozido e café (que eu sempre pedia mais e ele nunca cobrava). Nos comunicávamos com sorrisos e mímica.

Como chegar: Shinkansen de Tóquio à Quioto. Dei uma parada em Nagoia para ver o castelo (próximo post), então levei mais tempo, mas a viagem leva cerca de 2:20. O trem-bala chega na estação central (mega) de Quioto: Mapa da estação central. Os ônibus (para as atrações) saem das plataformas no andar de baixo da estação, no mapa acima está escrito “sight-seeing bus”. É uma cidade muito grande então antes de sair se programe para englobar pelo menos 3 atrações por dia, levando em conta o horário de abertura das mesmas, que varia de acordo com a estação do ano.
As atrações de Quioto pelo site: O que ver.
O que é imperdível para mim:
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Quioto precisa de tempo. Menos de três dias não vale a pena.
Passei o ano-novo em Quioto e tive o privilégio de não ouvir um “piu”. As pessoas celebram de forma diferente, no primeiro dia do ano vão até um templo agradecer e pedir bênçãos para o ano que chega. 2016 chegou assim para mim: silenciosamente em Quioto.
Próximo e último post da série : Bate e volta no Japão.
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mbarguil
Escritora, viajante quase intrépida, mãe do Jake (um lhasa temperamental), professora de inglês, tradutora, assistente de viagem e uma defensora voraz da viagem solo. Nas palavras da nômade Isabelle permanecerei nômade por toda minha vida: "And I shall stay a nomad all my life, in love with changing horizons, unexplored, far away places, for any voyage even to the most crowed and well-travelled countries, or the most familiar places is an exploration" : The Nomad: the diaries of Isabelle Eberhardt.
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2 comentários sobre “Japão – Parte III: Quioto, onde as pessoas te cumprimentam na rua”